Romana 2ª parte:
Após o prandium, que eu como rapidamente e quase sempre em pé, embora o físico grego que estudou medicina no seu país e no Egipto me tenha dito várias vezes que comer em pé faz mal à saúde, mas em Roma é tradição que se perde nos tempos, vou dormir uma pequena sesta. Os meses de calor em Roma são quase insuportáveis e, nestas horas de início de tarde, só apetece estar reclinada com as portadas das janelas fechadas, o chão borrifado. Só assim consigo debelar a dor de cabeça que me ataca com este calor malsão.
A meio da tarde peço para me aprontarem uma liteira e lá vou até às termas onde me encontrarei com as minhas amigas.
Nesta tarde, as termas estão reservadas às mulheres, poderemos estar à vontade para fazer uma das coisas de que mais gostamos: dizer mal dos nossos homens!!! Por muito que gostemos deles temos sempre assunto porque, no fundo, mesmo que sejam senadores, são sempre umas eternas crianças que vêm a correr para os nossos braços ao mínimo desgosto ou desilusão, como meninos em busca das mães.
Chego às Termas e deixo as roupas entregues uma serva que será responsável por elas. Enrolada numa toalha, passo às salas interiores. Syra vem comigo, evidentemente. Será ela que me acompanhará ao caldarium, depois ao sudatorium onde transpirarei para abrir todos os poros, depois cobrirá de óleos perfumados o meu corpo e esfregar-me-á com o strigil para me libertar de toda a sujidade e impurezas.
Depois, um pouco de água menos quente, no tepidarium onde conversarei um pouco sobre tudo e sobre nada e, finalmente, água fria para fechar os poros e ganhar energia, no frigidarium.
Completamente limpa e refeita, regresso a casa ainda a tempo de verificar a caena, passar pelo tablinum para escrever umas cartas e passar algum tempo no jardim interior a ler.
Meu marido chega, muito cansado. Não haverá visitas nem trabalho extra , nem debates políticos com amigos, hoje.A família dirige-se toda ao triclinium
para a caena, a refeição principal do dia: Peixe com molho garum, um pouco de pato assado, tâmaras dulcíssimas.
Falo um pouco com Termophilus para saber dos progressos de meu filho e vou deitá-lo. Bem sei que já é demasiado crescido para isso, que já se sente constrangido e que todos se riem nas minhas costas por eu ainda o fazer. Fábio diz que tem de tratar de que eu tenha outro filho para aprender a despegar-me um pouco deste. Mas, a verdade, é que não dispenso ainda o ritual de o aconchegar e lhe passar as mãos pelos cabelos antes que adormeça.
Fábio foi ler um pouco, rever alguns assuntos a tratar e eu fui dar as últimas ordens para que tudo continue a correr bem amanhã.
Depois, meu marido e eu reunimo-nos junto ao Lararium, altar onde se encontram as figurinhas que representam os nossos antepassados e as que representam os Lares, deuses protectores da Casa e da Família. Fábio queima um pouco de incenso, derrama um pouco de vinho, acende a lamparina.
E assim chegou ao fim um dia mais. Retiramo-nos para o nosso cubiculum, o principal, claro, destinado ao repouso do Senhor e Senhora da Casa, lugar sagrado porque aí se geram os continuadores da família.
Despimo-nos e mantemos apenas a túnica interior. Como está um pouco de frio, Fábio atiça o fogo que um dos servos acendeu. Vem ter comigo e abre-me os braços.
Após o prandium, que eu como rapidamente e quase sempre em pé, embora o físico grego que estudou medicina no seu país e no Egipto me tenha dito várias vezes que comer em pé faz mal à saúde, mas em Roma é tradição que se perde nos tempos, vou dormir uma pequena sesta. Os meses de calor em Roma são quase insuportáveis e, nestas horas de início de tarde, só apetece estar reclinada com as portadas das janelas fechadas, o chão borrifado. Só assim consigo debelar a dor de cabeça que me ataca com este calor malsão.
A meio da tarde peço para me aprontarem uma liteira e lá vou até às termas onde me encontrarei com as minhas amigas.
Nesta tarde, as termas estão reservadas às mulheres, poderemos estar à vontade para fazer uma das coisas de que mais gostamos: dizer mal dos nossos homens!!! Por muito que gostemos deles temos sempre assunto porque, no fundo, mesmo que sejam senadores, são sempre umas eternas crianças que vêm a correr para os nossos braços ao mínimo desgosto ou desilusão, como meninos em busca das mães.
Chego às Termas e deixo as roupas entregues uma serva que será responsável por elas. Enrolada numa toalha, passo às salas interiores. Syra vem comigo, evidentemente. Será ela que me acompanhará ao caldarium, depois ao sudatorium onde transpirarei para abrir todos os poros, depois cobrirá de óleos perfumados o meu corpo e esfregar-me-á com o strigil para me libertar de toda a sujidade e impurezas.
Depois, um pouco de água menos quente, no tepidarium onde conversarei um pouco sobre tudo e sobre nada e, finalmente, água fria para fechar os poros e ganhar energia, no frigidarium.
Completamente limpa e refeita, regresso a casa ainda a tempo de verificar a caena, passar pelo tablinum para escrever umas cartas e passar algum tempo no jardim interior a ler.
Meu marido chega, muito cansado. Não haverá visitas nem trabalho extra , nem debates políticos com amigos, hoje.A família dirige-se toda ao triclinium
para a caena, a refeição principal do dia: Peixe com molho garum, um pouco de pato assado, tâmaras dulcíssimas.
Falo um pouco com Termophilus para saber dos progressos de meu filho e vou deitá-lo. Bem sei que já é demasiado crescido para isso, que já se sente constrangido e que todos se riem nas minhas costas por eu ainda o fazer. Fábio diz que tem de tratar de que eu tenha outro filho para aprender a despegar-me um pouco deste. Mas, a verdade, é que não dispenso ainda o ritual de o aconchegar e lhe passar as mãos pelos cabelos antes que adormeça.
Fábio foi ler um pouco, rever alguns assuntos a tratar e eu fui dar as últimas ordens para que tudo continue a correr bem amanhã.
Depois, meu marido e eu reunimo-nos junto ao Lararium, altar onde se encontram as figurinhas que representam os nossos antepassados e as que representam os Lares, deuses protectores da Casa e da Família. Fábio queima um pouco de incenso, derrama um pouco de vinho, acende a lamparina.
E assim chegou ao fim um dia mais. Retiramo-nos para o nosso cubiculum, o principal, claro, destinado ao repouso do Senhor e Senhora da Casa, lugar sagrado porque aí se geram os continuadores da família.
Despimo-nos e mantemos apenas a túnica interior. Como está um pouco de frio, Fábio atiça o fogo que um dos servos acendeu. Vem ter comigo e abre-me os braços.